segunda-feira, julho 19, 2010

Finalmente livre.

Ela estava livre. Finalmente. Andava pela rua sem rumo certo e não tinha mais alguém em seu encalço. Ele finalmente a deixara, tinha se aquietado, um silêncio que começava a intrigar e incomodar. Mas ela estava livre. Finalmente. Deliciosamente livre, andava pela rua e não tinha hora para chegar em lugar algum. Depois de anos submetida ao seu jugo, ao desprezo, a dependência descarada, ele finalmente sumira. Sumira assim como tinha aparecido. Um sumiço que começava a indagar. Mas ela estava livre. Finalmente. Caminhava. Olhava para os lados e nenhum rosto conhecido, sorria e não era correspondida, mas o que importa? Ela estava livre. Muito livre. Ele finalmente desviara seu foco, não existia mais. Ela fugiu desesperada e ele a libertou sorrindo. Ela estava livre, agora presa. Presa a si própria, olhava para o lado e só via a si mesma. Mas ela estava livre. Finalmente. Deliciosamente livre. Amargamente livre. Ao se deparar com o primeiro orelhão, disfarçado de arara, não se conteve:
- Oi... posso voltar?

(escrevi isso há uns anos atrás, infelizmente não coloquei a data no papel, então me perdi no tempo... tem outros escritos que vou colocar aqui)

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