quinta-feira, dezembro 18, 2008


Elisabeth Paiva Baraúna
*21/01/1930 +12/12/2008

Fernando Pessoa escreveu:

“Que a morte me desmembre em outro, e eu fique”

Nada mais certo pensar na morte da Dinda dessa forma. Ela se foi, mas foi desmembrada já em vida pelas sementes de amor que plantava diariamente. E eu não estou exagerando. Era diária a sua ajuda as pessoas. Preocupava-se com todos, gostava de saber como estavam todos. Amava sem medidas. Sem reservas. E seu amor era expresso no mais profundo e mundano cuidado. Desde muito cedo na minha casa chegavam desde frutas até o presente mais caro nas datas festivas.

Ela era assim, o mundo era pequeno pra ela.

Nunca se ausentou da vida. Mesmo com dores ou se sentindo mal ela fazia questão de participar dos mínimos detalhes. Nas manhãs de domingo quando preparava o café da manhã para os seus filhos, nos presentes que queria dar, nas minhas camisolas que chegavam em casa de surpresa. A última que aprontou comigo foram uns pratos que chegaram de surpresa na minha casa porque eu não tinha ainda tempo de comprá-los e ela escutou isso numa conversa com a mamãe.

Dinda foi uma das pessoas mais importantes da minha vida. Estou sentindo muito a sua falta. Ir lhe visitar e ficar escutando: Menina, emagrece!!!! E depois de meia hora ficar me entupindo de comida porque achou que eu tinha comido pouco no almoço.

Nunca vou esquecer que o café da manhã de cada aniversário meu era dedicado à ela. E acabou virando uma tradição para mim. Sentirei sua falta Dinda.

Para tudo ela tinha uma opinião, um jeito de resolver e era uma sábia. Seus conselhos e sua forma de ditá-los, mesmo nos fazendo rir, até hoje são lembrados por todos os que conviveram com ela.

Infelizmente a morte faz parte da vida, mas têm pessoas que tem o dom de se tornarem imortais pelas sementes que plantaram. Dinda semeou amor, caridade, solidariedade, atenção e justiça por onde passou e com quem conviveu e tocou.

Uma mulher que Deus me deu a benção de me aceitar como sua afilhada e que cumpriu sua missão como poucas.

E hoje sou tomada de um sentimento de profunda reverência e GRATIDÃO à Deus por Ter me permitido participar de sua existência. E GRATIDÃO à ela que me amou e me fez sentir amada de um jeito muito especial. E certamente não é a toa que seu nome significa CONSAGRADA À DEUS!

Obrigada Dinda! Eu te amo!

terça-feira, outubro 21, 2008

Jung acreditava que na vida cada indivíduo tem como tarefa uma realização pessoal, o que torna uma pessoa inteira e sólida. Essa tarefa é o alcance da harmonia entre o consciente e o inconsciente.

quinta-feira, outubro 16, 2008

O QUE VOCÊ FARIA SE PUDESSE MODIFICAR A REALIDADE?

sexta-feira, outubro 10, 2008

COMER REZAR AMAR

"Se você tem a coragem de deixar para trás tudo que lhe é familiar e confortável (pode ser qualquer coisa, desde a sua casa aos seus antigos ressentimentos) e embarcar numa jornada em busca da verdade (para dentro ou para fora), e se você tem mesmo a vontade de considerar tudo que acontece nessa jornada como uma pista, e se você aceitar cada um que encontre no caminho como professor, e se estiver preparada, acima de tudo, para encarar (e perdoar) algumas realidades bem difíceis sobre você mesma... então a verdade não lhe será negada."
Elizabeth Gilbert
(DO LIVRO COMER, REZAR, AMAR)

quinta-feira, outubro 02, 2008

(pintura de Antero Valério)


"O que a boca cala, o corpo fala, e o que a boca fala, o corpo sara"




(Waldemar Magaldi Fillho)

quarta-feira, setembro 24, 2008

Vôo

Hoje eu me concentro em contemplar paisagens que eu não vejo sempre.
O nascer do sol visto (ilusoriamente) quase ao lado dele é sulibme. Tem uma divindade que me faz reverenciar à natureza e à Deus.

04/06/2008 (no avião)

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Da janela do avião eu vejo as nuvens como se fossem montanhas de uma floresta densa e intacta.
Vejo a luz começando a mostrar sua força num multifacetado colorido.
A luz do avião apaga enquanto escrevo no escuro (sei, eu sei onde fica a luz acima) a floresta de nuvens e o sol se tornam mais nítidos, como um convite que sempre que tem de um lado a escuridão talvez seja para se poder ver mais nitidamente o outro lado.

04/06/2008 (no avião)
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O medo de morrer/controle e depois a liberdade (o medo da)
O quanto a liberdade pode estar associada a solidão.

04/06/2008 (no avião)

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Buracos nas nuvens

Vejo nas nuvens pastos tranqüilos
Canyons com suas profundezas fascinantes
e a vontade de cair no espaço
e ser uma só nele

04/06/2008 (no avião)
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Tam - ida vôo 8077 04/06/2008 04:50
volta vôo 8076 11/06/2008 08:25

segunda-feira, setembro 22, 2008

" QUE BOM É SER
QUALQUER COISA, ASSIM, AO LÉU,
UMA PLUMA DE VENDER,
UM PENSAMENTO, UM CHAPÉU,
ENFIM SER, TÃO-SOMENTE ISTO,
SER APENAS PELO MEIO,
SEM UM NOME, SEM UM MISTO
DE ANCORAGEM OU DE ENLEIO,
SER NADA (NÃO É POSSÍVEL)
SER TUDO (MAS É DEMAIS)
SER ENTÃO O INDEFINÍVEL
NEM TÃO POUCO, NEM DEMAIS"

(ARMINDO TREVISAN)

Murmúrio

Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.

Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.

Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!

(Murmúrio - Cecília Meireles)

segunda-feira, setembro 01, 2008




GESTALT-TERAPIA

A CLÍNICA DA NEUROSE
TEORIA E MANEJO



“...um homem rumando para a decepção e a dor não se envolverá seriamente com o ambiente.” (P.H.G. 1997)


LOCAL: CENTRO DE CAPACITAÇÃO EM GESTALT-TERAPIA - CCGT
(Av. Duque de Caxias, 1322, entre Enéas Pinheiro e Pirajá)

DATA: 18 DE OUTUBRO 2008.

PROGRAMA:

1- OCORRÊNCIA DA NEUROSE;
2- TEORIA DA NEUROSE: CONFIGURAÇÃO E MANUTENÇAO;
3- O MANEJO CLÍNICO DOS AJUSTAMENTOS EVITATIVOS.

INVESTIMENTO: R$ 90,00.(profissional) / R$ 60,00 (estudante)

INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕES: CCGT: 3276-4448 / 9621-9029.

MINISTRANTE: ADELINO MONTEIRO
GESTALT TERAPEUTA.

segunda-feira, agosto 18, 2008

Odes de Ricardo Reis

Segue o teu destino,

Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade

Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.

Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.

Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te.
A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente

Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Ricardo Reis, 1-7-1916

quinta-feira, agosto 14, 2008

"Não entendo as pessoas que mudam de religião.

Porque mudar de dúvidas?"

Mário (maravilhoso) Quintana


O mais interessante é que seguimos religiões criadas pelo homem em nome de Deus.

O mais importante é a fé. (Lu)


quarta-feira, julho 23, 2008

"(...) Mas entre as qualidades do dinheiro não está a elasticidade..." (p.18) - C. Lispector

"(...)'Não fazer nada' é uma das ocupações mais produtivas do homem." (p.20) - C. Lispector

"(...)Aqui está fazendo um calor que de tão pontual diariamente, já está ficando chato (...)" - (p. 22) C. Lispector

"(...) Eu vivo à espera de inspiração com uma avidez que não dá descanso. Cheguei mesmo à conclusão de que escrever é a coisa que mais desejo no mundo, mesmo mais que o amor." (p. 23) - C. Lispector

"(...) Eu quero uma vida - vida e é por isso que desejo fazer um bloco separado da literatura." (p.23) - C. Lispector

"(...) 'Escrevo porque encontro nisso um prazer que não sei traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..(...)" - (p.27) Em entrevista a Edgard Proença em nossa Terra (Belém) - C. Lispector

Citações das cartas trocadas entre Clarice e suas irmãs, publicadas no livro "Minhas queridas"

sexta-feira, maio 30, 2008

Citações do Amor II

"Em geral, o que dominava o texto era a sensação de que ele vivia num mundo que lhe parecia, quase sempre, mesquinho demais" (p.61)

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"Atendi movido mais a café do que a energia" (p.?)

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"O amor absoluto, sublime, radiante, derrota qualquer sombra, invade e penetra os cantos escuros da minha alma" (p.62)

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"(...) já não sei bem por que estou aqui. Na ação, o sentido se perde. O sentido se mantém mais facilmente nos sonhos". (p.71)

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' "Na verdade, é assim que eu sou", eu disse, "parecido com este horror barroco, complicado sem necessidade, pomposo, falsamente elegante e, sobretudo, atormentado. É um tipo de arquitetura que evoca mais Roma que Florença - A Roma papal barroca, a Roma da Contra-Reforma, feita de desejos inconfessáveis, repetidos compulsivamente, culpados e por isso mesmo praticados até a náusea. É a Roma dos bastidores de um poder que goza sem limites e com um falso pudor - que é a pior maneira de gozar". (p.76)

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"(...) Parar no tempo ou voltar atrás parecia ser seu jeito preferido de reagir à feiúra do mundo." (p.82)

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"(...) À primeira vista, o lugar não parece grande coisa, é despojado, simples, mas aos poucos ele vai transmitindo uma sensação de confiança no mundo, na possibilidade de ele obedecer a um sonho da razão em que funcionalidade e elegância coincidiriam sem esforço, com parcimônia de traços e elementos. Não é só isso: é o sonho de um mundo que não precisaria de explicação alguma, que se justificaria por si só, por sua beleza. (...)" (p.75)

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"(...) estar com você é como viver aqui. E sem as esculturas de Donatello, que Brunelleschi detestava. Quando estou com você tudo me parece claro e natural, simples e bonito. (...)" (p.75)

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"(...) a Renascença é a alegria de poder gostar dos homens a ponto de pintá-los. E, para pintá-los, era preciso colocá-los ao lado ou atrás de um santo ou coisa que o valha" (p.88)

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"(...) ...uma mulher que não precisa de um homem, que é feita para tocar sua própria vida, entende?" (p.100)

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" (...) 'Como um paraíso terrestre perdido'." (p.101)

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"Talvez ele estivesse sobretudo apaixonado por seu próprio estilo, que tentara praticar com as duas. (...)" (p.106)

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"Há uma geração, Pinin, que perdeu o entusiasmo de viver. Eles não conseguem encontrar nas esquinas do dia-a-dia o punhado de aventura que é necessário para colorir a vida. Pagam qualquer preço para se envolver numa história que lhes dê alusão de fazer parte da História." (p.107)

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"(...) A julgar pelo seu tom de voz, ele parecia cansado, mas longe de vencido." (p.115)




quinta-feira, maio 29, 2008

"Citações do Amor"

"(...) Afinal, para quem a gente diz que está livre?" (p.39)

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"(...) Estava vestida do mesmo jeito, uma espécie de uniforme da simplicidade" (p.34)

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"(...) A arquitetura de Michelozzo, como a de Brunelleschi, sempre me ajuda a acreditar que há uma razão no mundo". (p.34)

***** *****

"(...) O cão também, se me lembro direito, é sobretudo o animal que guarda a porta do além" (p.38)

***** *****

Trechos extraídos de O CONTO DO AMOR do Contardo Calligaris.

sexta-feira, maio 23, 2008

Você não pode voltar atrás no que vê.

Você pode se recusar a ver,

o tempo que quiser:

Até o fim de sua vida pode se recusar,

sem necessidade de rever seus mitos

ou movimentar-se de um lugar confortável.

Mas a partir do momento que você vê,

mesmo involuntariamente,

você está perdido. (...)

CAIO FERNANDO ABREU.

Uma parte de mim
é todo mundo;
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão;
outra parte é estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera;
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta;
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente;
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem;
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
-que é uma questão
de vida ou morte-
será arte?

(FERREIRA GULAR - traduzir-se)

quinta-feira, maio 22, 2008

"Entre ela e Eduardo o ar tinha gosto de sábado. E de súbito os dois eram raros, a raridade no ar. Eles se sentiam raros, não fazendo parte das mil pessoas que andavam pelas ruas. Os dois às vezes eram coniventes, tinham uma vida secreta porque ninguém os compreenderia. E mesmo porque os raros são perseguidos pelo povo que não tolera a insultante ofensa dos que se diferenciavam.Eles escondiam o amor deles para não ferir os olhos dos outros de inveja. Para não feri-los com uma centelha luminosa demais para olhos. "
CLARICE
(estes a Mari me mandou em 26 de março de 2005)

sexta-feira, maio 09, 2008

Será que o preço da consciência é o medo?

quarta-feira, maio 07, 2008

SÉRIE INSETOS

Anteontem estávamos todos em casa. Cada qual no seu quarto. Noite alta. Resolvo sair do quarto não lembro porque e dei de cara com ela. Uma barata enormeeeeee.. Daquelas que entram voando pelo apartamento (moro no primeiro andar)... Nunca mais tínhamos recebido esse tipo de visita...
Berrei!!! Foi meu primeiro ímpeto. Berrei pra Lola voltar pro quarto para não vê-la, fiquei com medo dela querer ir ter com a baratona. Berrei pra minha mãe para que ela me salvasse daquela visita imponente, que estava avançando a passos largos pelo corredor. E berrei inutilmente para meu irmão que, coitado, pegou esse medo de mim. Sim, ele pegou, porque medo é contagioso!
Minha mãe ficou frente a frente com ela, e eu gritava MATA!!! MATA!!! Olhava pra barata, pra Lola que voltou correndo para a minha cama e para a mamãe, neste momento a barata já estava na porta do quarto dela ao lado do meu. Entrei correndo no meu e fechei a porta, quando a minha mãe disse: como matar? Eu também estou com medo! Pensei: f....deu-se!!!! E disse: peraí!!! Usa a minha chinela havaianas (parece publicidade da novela das oito)... E minha mãe então sem pensar deu chineladas, várias e a barata começou a morrer e depois ficou lá... grudada no chão na frente do quarto da mamãe que neste momento estava ofegante deitada em sua cama me sentenciando que ela nunca mais vai matar uma barata porque ela estava passando mal...
ééé..com esta sentença tenho que começar a me preparar para matá-las!!!
E pra tirar a barata de lá? Pedi pra ela, lógico que não, pedi pro meu irmão ele disse que nem estava escutando o que eu estava falando, então só tinha eu e minhas outras "eus"...peguei um papel bem grosso e coloquei a dita em cima e fui quase correndo jogá-la na lata de lixo e fechar a casa toda pois outra poderia vir visitá-la... medo é irracional mesmo, cria até consciência!!
E então ontem fiquei sabendo que outro dia, em pleno dia, vejam só, dia!!!!! Uma barata estava subindo pelo lado de fora do prédio e pronta pra entrar no meu quarto...
Agora me digam: alguém sabe me dizer pra quê as baratas existem????

quinta-feira, abril 17, 2008

Sabedoria Popular

Outro dia estava assistindo ao Jornal na TV e estava passando uma reportagem sobre umas ondas gigantes em São Luiz (me desculpem se eu estiver errada pois não prestei atenção muito na reportagem em si e sim nas pessoas entrevistadas). E com uma mulher muito simples, o repórter perguntando sobre o medo que a população estava sentindo:
- E o coração como fica?
Ela responde:
- Menino! Não sai da boca porque a gente fecha a boca. Mas é a vontade do coração!

Adorei!

quarta-feira, abril 02, 2008

Do Filme Chegadas e Partidas

Às vezes, há uma história por trás da história.

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Enfrentamos nossos medos porque não podemos evitá-los.

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O que é um velório?
É uma despedida

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Há tantas coisas que desconheço.
Se um barbante com nó pode libertar o vento e se um afogado pode acordar então um homem ferido pode se curar.
Quando eu estava aprendendo a pintar, perguntei ao meu professor:



- E se eu errar e pingar tinta no papel o que eu faço? Tenho que refazer tudo?



- Não! Aproveita o pingo no papel e faz alguma coisa com ele. Aproveita o erro e cria algo com ele.



Pensando bem, assim deveria ser a vida...

terça-feira, março 18, 2008

(...) me causa muitas vezes letargia e uma expectativa irreal de que a vida se resolverá sozinha como num passe de mágica. Oscilo entre agarrar meus sonhos e desistir deles e pior ainda, nesta guerra, perco a minha realidade. Mas isso parece distante já. Parece que é ressaca pois me sinto mudando e empreendendo esta mudança.

Realidade: o choque inevitável....Desejos nem sempre são compatíveis com o real.
Às vezes precisamos exercitar o desapego para abrir espaço para coisas novas na nossa vida...

O desapego tem sido um grande exercício para mim... grande e frutífero...e leia-se desapego inclusive de processos mentais, pensamentos, emoções e etc...

A tal da Impermanência

Não tem como ser somente uma máxima teórica mesmo...esta é a prática da vida... as vezes alentadora e as vezes desesperadora, a máxima da impermanência!!!!
Um amigo me escreveu isto: "Parafraseando Rosane Granzotto: não somos serem incompletos, somos seres de criação".
Eu respondi:
É tão bom não pensar na incompletude cultural que nos repassam e acabamos introjetando desde sempre... é tão bom pensar em seres de criação e brincar com a nossa criatividade nos libertando de amarras sociais e fóbicas...
...E nos misturamos no ideal introjetado da sociedade atual o que nos distancia de nossos potenciais.
Sobre isso, estou falando de mim... Tenho feito o caminho inverso. Ao invés de olhar para estereótipos estou olhando pra mim e procurando o meu bem-estar...


(escrevi isto à uma pessoa mto querida)

sexta-feira, março 07, 2008

Julgar

O último aprendizado que eu tive foi não julgar, não emitir opiniões sobre outras pessoas sem ter (o que eu acho que posso ter) o conhecimento total das situações que as envolvem. Como isso é praticamente impossível é melhor me abster de julgamentos e comentários.
Fui julgada e quem me julgou, julgou pela aparência lógica de uma situação. Isto é outra coisa: acho que devemos aprender a nos proteger e deixarmos sempre bem claro situações que podem ser dúbias.
E pela omissão, pela dubialidade (existe essa palavra?) o meu julgamento foi pela aparência da situação.
Ainda bem que deu tempo de reparar. Mas já imaginou o estrago que a gente pode fazer com outrem sem saber realmente o que está acontecendo? E sem buscar coletar informações que julgaremos suficientes??
Será que existe informação suficiente? E a verdade existe?
A verdade se mantém quando pensamos na vida sob a égide da subjetividade?

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Borracha

Estou passando minha vida a limpo.
Queria uma borracha mágica e enorme que apagasse tudo que eu já vivi até hoje, todas as decisões que eu tomei, todos os caminhos que eu segui.
Apagaria os fatos mas não a memória deles, para, como num milagre insano, ter a certeza das conseqüências daqueles caminhos e trilhar outros caminhos.
Acho que algumas coisas escolheria de novo outras iria passar ao largo.
Passando a minha vida a limpo.
Encerrando alguns ciclos.
Desapego.
Deixando ir coisas, pessoas, situações, fatos...
E criando espaço...

Hoje eu escrevi para uma amiga que não peço mais à Deus que me ilumine para que os caminhos que estou escolhendo sejam certos. Peço pra Ele somente a opção. Que existam sempre caminhos que eu possa ir. Acho que do contrário é a não-vida.

quinta-feira, janeiro 17, 2008


Hoje eu estou

"Como uma planta que cresce assimilando do solo e do ar nutrientes que lhe ajudarão a crescer, ao mesmo tempo em que cria e desenvolve mecanismos para se proteger de elementos que possam ameaçar a sua existência, filtrando poluentes, desenvolvento raízes fortes, fechando-se ao contato com elementos potencialmente agressivos, criando formas inusitadas para receber o sol ou proteger-se das intempéries." (Selma Ciornai)

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Quando fazemos a leitura de um texto, por mais fiel que saia a leitura, se ficarmos atentos, observando, notaremos que, apesar do treino, dois homens não podem, nem conseguem lê-lo da mesma forma. A subjetividade os trai, ainda que seja a mais sutil possível, só captável por um expert atento. A respiração, a entonaçaõ de uma palavra, denunciam a subjetividade. Alguma marca da subjetividade vamos receber junto com a leitura do texto.
Assim, nos animais e nos bebês humanos temos, como expressão, os signos; no homem adulto, os símbolos.
Esse despreparo institivo acarreta ao homem a condenação de se tornar um animal gregário, não mais pelo instinto, e sim pela dependência. A evolução e o desenvolvimento do bebê humano são intercalados pela presença do outro. E a falta dessa intimidade o condena a buscar eternamente essa complementação.
(...)
Então, durante a falta, organiza-se um espaço para a alucinação perceptiva dessa presença.
(...)
A partir dessa entrada numa outra dimensão, toda a realidade passa pela subjetividade. Nenhum fenômeno escapa desse crivo. A realidade passa a ser apreendida pelo referencial subjetivo individual de cada um, herança do que foi vivido com a inter-relação com esse "outro", que engloba a cultura, a fala e a subjetividade desse mesmo "outro",
(...)
O homem perverte a organização biológica.
Faz greve de fome, mata-se por uma ideologia, alimenta-se não mais para sobreviver, droga-se, destrói sua vida biológica em prol de desejos.
Que ser é esse? Um ser tomado pela subversão dessa organização primitiva, em que a equação era determinada: para o instinto sexual, só a prática sexual, ou o acasalamento, satisfaz o instinto. No homem, ocorre um outro fenômeno. Ele se satisfaz sexualmente pelo olhar, pela fantasia, pela masturbação, afastando-se da procriação. A fêmea humana tem seu "cio" independente do período fértil para a sobrevivência da espécie. Esse fenômeno modifica toda a vida instintiva. E surgem o erotismo e as fantasias, as perversões e as doenças, resultado da supremacia do desejo sobre as funções fisiológicas na busca do prazer.

Regina T. Winter
"Os outros lugares são espelhos em negativo. O viajante reconhece o pouco que é seu descobrindo o muito que não teve e o que não terá."
Ítalo Calvino

quinta-feira, janeiro 03, 2008

7:00h da manhã. O despertador do celular toca. Ela abre o fecha o flip, forma mais rápida de ativar o "soneca". 8 minutos a mais de sono. 8? Ela já tentou colocar 10 minutos. Não conseguiu. Desde que recebeu esse celular sempre fica intrigada com os 8 minutos. Porque não 10? Ela ganhava mais 2. E voltou a fechar os olhos. Tocou de novo. Tem certeza que o celular estava enganando-a. Já? Abriu os olhos e a primeira coisa que viu foi o teto branco e pálido em cima dos seus olhos. Tela em branco. Tédio.
Mais um dia em que ela tem que se vestir dela mesma, vestir um sorriso, vestir expressões e ir para o mundo se relacionar. Trabalho. Há muito seu trabalho perdeu o viço. O viço de uma adolescente. Há muito em que ela oscila entre suportar um dia a mais e não suportar mais nem levantar da cama. Há muito também que esses dois estados são intercalados sob variados aspectos de humor em que ela abstrai da vida que ela escolheu e sonha com outras vidas. E como uma boneca de corda, consegue um pouco mais de fôlego para o dia seguinte.
Abriu os olhos, olhou a palidez do teto, reflexo de sua vida e pensou: mais um dia. Um dia em que ela chegará atrasada mais uma vez, um dia em que ela se arrastará até o elevador, do elevador para o carro, e tal qual uma autômata segue dirigindo até o local. Lá sai do carro, veste o seu melhor e mais enganador sorriso e vai adiante despejando bom dia aos outros que passam por ela. Engana bem. Só não consegue se enganar. Ela tentava. Tentava sempre, agora não tem mais forças para isso. Ela não se engana mais. Mas também não sabe mais o que é a sua verdade. O que será dela? O que ela quer? Pelo que deve continuar? Pelo que deve viver?
Ela vai pesada na frente do computador e busca um mundo que não é o que ela está. Busca mas também não satisfaz. Ela sabe. Não dá mais pra viajar. Não dá mais pra fingir. Nada mais pode servir de trampolim para a ausência da realidade na fantasia, na esperança. A vida é o que é. O dia a dia é o que é. Tal como o teto: pálido, branco, sem movimento.
Ela se estranha. Existem duas. A fantasiada. Que veste roupas de acordo com a ocasião. Roupas muitas vezes de 1,99. Outras sofisticadas. Que ela até acredita. Mas sabe que não passa de um baile de máscaras.
E então ela descobre, nesse dia, uma forma de se isolar. Vai para uma sala isolada mas deixa a porta aberta. E liga o computador.
Na lentidão espera e olha para o lado.
Então um homem vem e diz: um doce pelos teus pensamentos.
E a desperta, salva dela mesma.
(Em 30/11/2007)

quarta-feira, janeiro 02, 2008

"Que eu faça um mendigo sentar-se à minha mesa, que eu perdoe aquele que me ofende e me esforce por amar, inclusive o meu inimigo, em nome de Cristo, tudo isto, naturalmente, não deixa de ser uma grande virtude. O que faço ao menor dos meus irmãos é ao próprio Cristo que faço. Mas o que acontecerá se descubro, porventura, que o menor, o mais miserável de todos, o mais pobre dos mendigos, o mais insolente dos meus caluniadores, o meu inimigo, reside dentro de mim, sou eu mesmo, e precisa da esmola da minha bondade, e que eu mesmo sou o inimigo que é necessário amar"(?).
Carl Gustav Jung
The Collected Works of CG Jung. Vol XI, Pg 520.
Palavras não são vendidas no atacado. Pelo menos em suas origens. Qualquer outra arte tem que ter no mínimo uma mola que move o mundo. O dinheiro subverteu a arte. De onde vem os pinçéis e as telas? (Em 10.09.2007)
Não consigo desgarrar das palavras. Será que é apego? Não. Muito simples... Mas continuo achando que palavras são gaiolas. Estou construindo aqui gaiolas ou a libertação? Afinal, de que material é feita a vida? Ele tem raiva de mim. Peço que deixe a raiva ficar mas que não me prejudique, a raiva é dele e não minha. Sou frágil. A vida é feita disso: fragilidade. E de inconsistência. A vida é líquida, já diz um título de um livro. Um líquido que escorre entre os dedos das mãos e dos pés para o bueiro da mortalidade. Ou da eternidade. Vida é morte aos pedaços. E a angústia? Outro material que reveste a vida. Angústia é criação... Qual então será a criatura? Isso diz quem eu sou?
Em 10/09/2007

O espião

"espio
no espelho
o espião
que existe
em mim
mas ei-lo
que logo se esconde
atrás
da imagem
que espio
em mim".

Flávio Moreira da Costa (O Espião)
Tudo a que você resiste, persiste"

Karl Gustav Jung (1875-1961)
"... Dependência não se discute, arruma-se qualquer desculpa para mantê-la"
Carpinejar...

"... o amor tem a mania da sincronia. Pune quem se antecipa ou chega atrasado."
Carpinejar...

"Antecipa o fim porque não está disposto a recomeçar..."
Carpinejar...

Reticências depois do nome do Carpinejar indica o que penso dele: ilimitado...