terça-feira, abril 17, 2007

CONVERSAR = FAZER VERSOS COM

Achei lindo isso...

SER TERAPEUTA...

"(...) E ser terapeuta é buscar em si o desprendimento necessário para se fazer testemunha solidária do que de mais íntimo as pessoas trazem consigo. (...)" Paulo Barros


"Ser psicoterapeuta é ser sigilo, inviolabilidade, senão de fatos ao menos de emoções. É conter muitos Outros em si e permanecer com tudo isso em solidão. Não há supervisão ou troca de idéias com colegas que resolva ou elimine a "marca" do paciente no terapeuta. (...)" Ieda Porchat.


"Eu acho que somos os descendentes modificados, ou melhor, adequados à nossa época, dos feiticeiros, bruxos, curandeiros e conselheiros. Perdemos uma porção das habilidades dos nossos antepassados e ganhamos outras, próprias para esse tempo tecnológico." Abel Guedes

segunda-feira, abril 16, 2007

Ai que inveja!!!!
Queria estar nesse abraço....
Duas pessoas maravilhosas!!!!

O IRREVERSÍVEL

Estou a uns 5 minutos olhando para o teclado do computador com a barrinha piscando na tela. Não sei o que escrevo dentro de uma mente que pensa em escrever sobre tudo. Sobre o nada também. Me lembrei que hoje pensei em escrever sobre O Irreversível, na realidade acho que pensei nesse filme ontem. Quando estava atendendo um cliente observando ele falar de seu passado. O passado é irreversível. O tempo é irreversível. É um filme denso, mostra uma violência extremada, uma cena de estupro que no meio, tal qual criança, tapei meus olhos com minha mão entreaberta, que não evitou minha mórbida curiosidade de ver a cena mas pelo menos me deu a sensação de proteção. Os gritos lacinantes no meu ouvido por três dias. Os gritos e os sons da mulher estuprada não saiam da minha cabeça. Não pretendo ver o filme de novo. Alguns filmes são demais para o meu estômago, tanto o gastro quanto o mental. Mas vale a pena ver. É um filme que é feito de cenas temporalmente de trás pra frente. O que me deu a sensação de muita leveza no final, como se nada daquilo que os personagens presenciaram tivesse acontecido. Terminaram todos felizes na ignorância do que os aguardava no futuro. Um futuro de muita violência e dor. Sempre que vejo um filme fico pensando no que o autor quis passar para o público, qual a sacada dele. Não lembro da primeira frase do filme e da última (se eu não me engano) em que um personagem fala sobre o valor implacável do tempo. Mas fiquei pensando no título e no filme. O Irreversível! E me dei conta de que, apesar de todo o conteúdo denso, o autor talvez estivesse querendo falar sobre o tempo e da sua maior característica, da irreversibilidade. Damos um salto no desenvolvimento de nossa inteligência ao conseguirmos a reversibilidade do pensamento. Quanto dualidade, poder reverter o pensamento e ter que lidar com a irreversibilidade do tempo. Não poder voltar atrás para refazer. A vida anda... Não. O tempo faz a vida andar, é a carroça que a vida se escora. Seria tão bom se fosse igual o filme, nascêssemos velhos, já com todas as nossas dores vividas e vivêssemos em ordem decrescente de idade. Passaríamos por tudo de dor, de alegria, de desilusões, de coisas ruins e boas que trazem a maturidade e o crescimento e iríamos vivendo mas sem a memória do que passou. E sim, como uma borracha apagando tudo o que passou iríamos alcançando a ingenuidade de uma criança, sua docilidade, seu sorriso, até enfim, entrarmos no útero novamente para (idealmente) nos sentirmos seguros e protegidos novamente. Sonho com um sonho impossível. E o tempo continua irreversível. Só me resta viver.
27/03/2007

segunda-feira, abril 09, 2007

Ayla, a Filha das Cavernas

Comecei o livro de soslaio. Imenso. Umas 300 páginas. Será que é chato? Será que valeu ter comprado?
Desconfiadíssima de como seria o meu tempo com o livro comecei. E me vi, envolvida com os sintomas do vício, quando eu não paro de ler para nada, quando adio o que tenho que fazer para ficar mais um pouquinho com o livro. Ele não é a primeira maravilha no mundo literário mas é envolvente. As descrições acerca da fauna e flora da época pré-histórica chega um momento que cansa, pois as relações dentro do clã se tornam muito mais atraentes. Clãs? Fauna, flora da pré-história? Isso mesmo. É um romance (uma saga) que se passa nos primórdios de nossos tempos. Na pré-história. Nunca pensei muito nesse conceito. Mas pré-história significa antes da história, acabo de não concordar com o termo, tem muita história que é história dessa época e de suma importância para a discussão de um conceito muito em voga nas ciências biológicas que se chama herança filogenética. É a herança que nos é passada pelos nossos ancestrais. A biologia diz que todos nós a carregamos, dentro da psicologia, isto está sendo coadunado através de estudos da ancestralidade e das constelações familiares. Pelo espiritismo mais do que comprovado já que fomos os autores muitas vezes encarnados e reencarnados nessas histórias. Natural que tenhamos uma memória implícita dessas épocas.
Em alguns momentos pensei, na minha ignorância, que tudo não passava da fantasia da autora, mas ela fez uma extensa pesquisa sobre os costumes da época, e como chegam a esses estudos? A essas conclusões? Mas isso não me compete, nem antropóloga sou. Sou metida. Metida e curiosa. Metida, curiosa e desconfiada.
Porém, se ela está certa quanta ao formato dos cerébros das pessoas dos clãs, que era desenvolvido a região occiptal e se guardava as memórias dos antepassados e que, ficavam preocupados pois não estavam mais com espaço na cabeça para guardar tanta memória, e talvez, precisassem diminuir o tamanho do cerébro para continuarem existindo, tem tudo a ver, eu suponho, com a questão do nosso cerébro hoje em dia. Dizem e provam que não utilizamos nem 10% de nosso cerébro, porém isso nos permite estar vivos. Pela lógica temporal...
Uma outra coisa é ver, experenciar as regras de convivência dos clãs, o papel das mulheres desde essa época, a sensação atávica do medo do homem pelo poder (?) da mulher por ela gerar vida. A questão de que, se sabia quem era a mãe do filho mas o pai não. Na minha ignorância eu achava que eles sabiam ao certo quem era a mãe pois elas poderiam traí-lo com outros. Mas na verdade, eles não tinham nem o conhecimento de que o sexo era o que faziam terem filhos. E muito menos tinham a noção de traição e sim, os homens aliviavam as necessidades deles nas mulheres que bem entendiam. Mesmo assim, buscavam não aliviar nas mulheres que era companheiras de outros homens. O filho do homem na realidade era filho da companheira do homem. Quanto poder feminino, já subjulgado pela violência dos homens. Bem atávica essa história que me lembra comportamentos bem atuais.
Não sei se evoluímos muito. Talvez corporalmente sim. Talvez nossa raça esteja se embelezando. Talvez tenhamos mais vozes e formas de comunicação. Mas muito daquela época, relatada no livro, me fez lembrar das relações de hoje em dia. Não sei se isso é bom ou ruim e sim, uma constatação.
O livro não acaba, é uma saga, faltam mais 4...Vou comentando por aqui.