quarta-feira, novembro 15, 2006

às vezes é difícil se olhar no espelho.
Logo que olho, meu primeiro movimento é procurar marcas.
Marcas que me deixam feia: como espinhas, cravos, rugas, sinais do tempo, manchas e outras que invento...
falei com uma amiga sobre isso e ela me confirmou que faz o mesmo.
Fiquei intrigada. Então fiz uma enquete.
E todas fazem o mesmo. Fazem bem mais do que isso a medida que o espelho aumenta na ampliação da imagem.
Pq?
Por outro lado penso: essas marcas contam a minha estória...as nossas estórias...
Outro dia li num livro que a autora ensinava as pessoas a fazerem arranjos florais e ela escolhia justamente as folhas que tinham marcas como buracos, algumas com a coloração já amarronzada, amassadas...ela dizia que tinha uma razão..que essas folhas tinham vivido.
Tinham uma estória para contar. Cada buraco, cada imperfeição, era uma estória. E com essas folhas o arranjo não seria apenas bonito. E sim teria
VIDA
(postado pela sem vergonha que anda atacada!!!)

segunda-feira, novembro 13, 2006

Encontros e Desencontros

Estranha sensação.
Descompasso. Desencontro.
Às vezes a pessoa chega na hora errada, às vezes você chega na hora errada para ela.
Às vezes a pessoa chega, entra na sua vida e vai sem pedir licença ou dizer adeus.
Às vezes é você quem faz isso e não diz porque.
Às vezes a pessoa entra na tua vida, mexe, balança, desarruma tudo e depois coloca tudo no lugar como para apagar seus rastros.
Às vezes você chega, desarruma e tem preguiça de arrumar.
Às vezes você chega um ano, um mês ou um dia adiantado.
E a pessoa um ano, uma vida atrasada.
E às vezes parece que a pessoa chega. Mas ela finge chegar. Ela não quer.
E você fica pensando que ela chegou e quer.
às vezes você pode não querer. Não é o tempo, não é a hora, não tá legal. E ela chega.
Então vem a bagunça.
E nesse vai e vem do tempo
Será que vive-se?
Será que encontram-se?
Será que permitem?
às vezes você procura a pessoa como um espelho e ela não reflete a sua imagem.
às vezes você procura refletir a imagem dela mas não consegue, ela fica fora de foco.
Às vezes a pessoa se perde, envereda por caminhos que não estão na tua direção.
Às vezes você não se encontra em nenhum caminho.
E nesse vai e vem de rumo
Será que vive-se?
Será que encontram-se?
Será que permitem?
Será que caminham?
Pode ser, mas como?

(Sem vergonha)

quarta-feira, novembro 08, 2006

"...Estranha relação é a que temos com as palavras. Aprendemos de pequenos umas quantas, ao longo da existência vamos recolhendo outras que vêm até nós pela instrução, pela conversação, pelo trato com os livros, e, no entanto, em comparação, são pouquíssimas aquelas sobre cujas significações, acepções e sentidos não teríamos nenhumas dúvidas se algum dia nos perguntássemos seriamente se as temos. Assim afirmamos e negamos, assim convencemos e somos convencidos, deduzimos e concluímos, discorrendo impávidos à superfície de conceitos sobre os quais só temos ideias muito vagas e, apesar da falsa segurança que em geral aparentamos enquanto tacteamos o caminho no meio da cerração verbal, melhor ou pior lá nos vamos entendendo, e às vezes, nos encontrando..."
(José Saramago)
"Não há quem não feche os olhos ao comer, não há quem não feche os olhos ao cantar a música favorita, não há quem não feche os olhos ao beijar, não há quem não feche os olhos ao abraçar. Fechamos os olhos para garantir a memória da memória. É ali que a vida entra e perdura, naquela escuridão mínima, no avesso das pálpebras. Concentramo-nos para segurar a dispersão, para segurar a barca ao calor do remo. O rosto é uma estrutura perfeita do silêncio. Os cílios se mexem como pedais da memória. Experimenta-se uma vez mais aquilo que não era possível. Viver é boiar, recordar é nadar. Escrevo na água, no vento da água. O passado sem os olhos fechados é como uma roupa enrugada. Sem corpo. Sem as folhas dos plátanos."
Carpinejar
"Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis para um rapaz. Com efeito, uma jovem tem ilusões, muita inexperiência, e o sexo é bastante cúmplice do amor, ao passo que uma mulher conhece toda a extensão dos sacrifícios que tem a fazer. Lá onde uma é arrastada pela curiosidade, por seduções estranhas à do amor, a outra obedece a um sentimento consciente. Uma cede, a outra escolhe."

Balzac
Amadureci a covardia em sarcasmo.
Posso rir do sofrimento.
Mistérios existem para simular profundidade.
Sou rasa, fútil. Não reverencio a primavera,
a mais sádica das estações.
Desde a infância, ela floresce minha asma.

Posso adiar a morte, nunca o nascimento.
É impossível cortar a semente.

Carpineja
"te procuro
nas coisas boas
em nenhuma
te encontro inteiro
em cada uma
te inauguro"

Alice Ruiz

terça-feira, novembro 07, 2006

INTOLERÂNCIA

Eu e uma amiga temos conversado muito sobre a intolerância. Eu tenho sido intolerante. Não sei se é bom ou ruim e nem sei o resultado disso a longo prazo. Mas sei que de repente (de repente?), começou a me dar uma intolerância por tudo que me faz mal.
Pela falta de respeito comigo, pelas relações disfuncionais com os outros e comigo mesma. Pelo não limite dos outros e de mim mesma. Pela conversa que não diz a que veio.. Pela conversa que tenta enganar. Pelas pessoas que se enganando, enganam a minha ingenuidade.
Não sei. Intolerância me soa como algo muito ruim. De repente me vejo sem paciência. Sem rodeios. Cortando coisas da minha vida que me faziam mal, inclusive alguns componentes alimentares.
Estou sem paciência até para os meus boicotes, a minha complacência com os meus adiamentos, os meus abandonos de mim mesma. E interessante que essa intolerância é fruto de estar mais comigo. De não me deixar, de não me abandonar, de me respeitar e de me amar. De dizer não sem culpa. De dizer simplesmente não e ponto. Sem explicações. Sem tentativas vazias de me enganar. De dar um jeitinho.
Cansei de dar um jeitinho e depois ter raiva de mim pelo jeitinho que dei e não me respeitei.
É estou intolerante.
Minha amiga também se sente assim. Será a idade? A maturidade? Ou uma insanidade?
Ontem, contando pra ela os meus últimos atos de intolerância, ela me olhou boquiaberta e disse: vc não acha que está indo longe demais?
Não respondi... será que estou indo longe demais?
Não me sinto longe...pelo contrário, me sinto mais perto de mim...e comigo..
Isso tem me bastado...até para que possa ser inteira com os outros.

(Postado pela sem vergonha)

quinta-feira, novembro 02, 2006

pq?

Nessas hrs começo a me perguntar pq...
não é a toa que gosto de Clarice, ela conseguiu fazer vários pqs virarem publicáveis...
Pq to aqui? Onde estou?
Pq tem que ser assim? O que é assim?
Pq a culpa? Que culpa?
E a prisão? Pq essas grades? Como?? Grades?? Que grades??
Pq falta o ar? Qual ar vc procura?
Pq o pq?
Talvez seja o caminho para não perceber o que posso fazer se não ficar perguntando tto pq...
Do que que eu to falando mesmo???