sexta-feira, janeiro 11, 2008

Quando fazemos a leitura de um texto, por mais fiel que saia a leitura, se ficarmos atentos, observando, notaremos que, apesar do treino, dois homens não podem, nem conseguem lê-lo da mesma forma. A subjetividade os trai, ainda que seja a mais sutil possível, só captável por um expert atento. A respiração, a entonaçaõ de uma palavra, denunciam a subjetividade. Alguma marca da subjetividade vamos receber junto com a leitura do texto.
Assim, nos animais e nos bebês humanos temos, como expressão, os signos; no homem adulto, os símbolos.
Esse despreparo institivo acarreta ao homem a condenação de se tornar um animal gregário, não mais pelo instinto, e sim pela dependência. A evolução e o desenvolvimento do bebê humano são intercalados pela presença do outro. E a falta dessa intimidade o condena a buscar eternamente essa complementação.
(...)
Então, durante a falta, organiza-se um espaço para a alucinação perceptiva dessa presença.
(...)
A partir dessa entrada numa outra dimensão, toda a realidade passa pela subjetividade. Nenhum fenômeno escapa desse crivo. A realidade passa a ser apreendida pelo referencial subjetivo individual de cada um, herança do que foi vivido com a inter-relação com esse "outro", que engloba a cultura, a fala e a subjetividade desse mesmo "outro",
(...)
O homem perverte a organização biológica.
Faz greve de fome, mata-se por uma ideologia, alimenta-se não mais para sobreviver, droga-se, destrói sua vida biológica em prol de desejos.
Que ser é esse? Um ser tomado pela subversão dessa organização primitiva, em que a equação era determinada: para o instinto sexual, só a prática sexual, ou o acasalamento, satisfaz o instinto. No homem, ocorre um outro fenômeno. Ele se satisfaz sexualmente pelo olhar, pela fantasia, pela masturbação, afastando-se da procriação. A fêmea humana tem seu "cio" independente do período fértil para a sobrevivência da espécie. Esse fenômeno modifica toda a vida instintiva. E surgem o erotismo e as fantasias, as perversões e as doenças, resultado da supremacia do desejo sobre as funções fisiológicas na busca do prazer.

Regina T. Winter

1 desavergonhados:

Mila Cardozo disse...

Oie!!!!!
Vim conhecer teu espaço, pois te vi la no Espasmos. Te convido a conhecer o meu Mundo Estranho. Estou te adicionando lá pra poder voltar mais vezes.
Beijos Mila