quinta-feira, dezembro 18, 2008


Elisabeth Paiva Baraúna
*21/01/1930 +12/12/2008

Fernando Pessoa escreveu:

“Que a morte me desmembre em outro, e eu fique”

Nada mais certo pensar na morte da Dinda dessa forma. Ela se foi, mas foi desmembrada já em vida pelas sementes de amor que plantava diariamente. E eu não estou exagerando. Era diária a sua ajuda as pessoas. Preocupava-se com todos, gostava de saber como estavam todos. Amava sem medidas. Sem reservas. E seu amor era expresso no mais profundo e mundano cuidado. Desde muito cedo na minha casa chegavam desde frutas até o presente mais caro nas datas festivas.

Ela era assim, o mundo era pequeno pra ela.

Nunca se ausentou da vida. Mesmo com dores ou se sentindo mal ela fazia questão de participar dos mínimos detalhes. Nas manhãs de domingo quando preparava o café da manhã para os seus filhos, nos presentes que queria dar, nas minhas camisolas que chegavam em casa de surpresa. A última que aprontou comigo foram uns pratos que chegaram de surpresa na minha casa porque eu não tinha ainda tempo de comprá-los e ela escutou isso numa conversa com a mamãe.

Dinda foi uma das pessoas mais importantes da minha vida. Estou sentindo muito a sua falta. Ir lhe visitar e ficar escutando: Menina, emagrece!!!! E depois de meia hora ficar me entupindo de comida porque achou que eu tinha comido pouco no almoço.

Nunca vou esquecer que o café da manhã de cada aniversário meu era dedicado à ela. E acabou virando uma tradição para mim. Sentirei sua falta Dinda.

Para tudo ela tinha uma opinião, um jeito de resolver e era uma sábia. Seus conselhos e sua forma de ditá-los, mesmo nos fazendo rir, até hoje são lembrados por todos os que conviveram com ela.

Infelizmente a morte faz parte da vida, mas têm pessoas que tem o dom de se tornarem imortais pelas sementes que plantaram. Dinda semeou amor, caridade, solidariedade, atenção e justiça por onde passou e com quem conviveu e tocou.

Uma mulher que Deus me deu a benção de me aceitar como sua afilhada e que cumpriu sua missão como poucas.

E hoje sou tomada de um sentimento de profunda reverência e GRATIDÃO à Deus por Ter me permitido participar de sua existência. E GRATIDÃO à ela que me amou e me fez sentir amada de um jeito muito especial. E certamente não é a toa que seu nome significa CONSAGRADA À DEUS!

Obrigada Dinda! Eu te amo!

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