quinta-feira, novembro 22, 2007

Convite

Vejam que lindo que eu recebi!

Quando me ligaram do Colégio dos meus filhos convidando-me a participar do projeto “Os pais contam o conto” - um projeto de um cunho social, cujos valores arrecadados serão integralmente doados às instituições de caridade - para fazer o papel do Pinóquio na peça intitulada “As aventuras de Pinóquio na Amazônia”, confesso que fiquei meio inseguro acerca do “mico que poderia pagar”. Ademais, como iria arranjar “tempo” para os ensaios, fantasias, textos, etc...?
Contudo, refletindo mais um pouco observei que durante o processo educacional de nossas crianças, acabamos por cobrar-lhes muitos valores que, na maioria das vezes, por um motivo ou por outro, nós mesmos, enquanto pais e orientadores principais, não lhes repassamos.
Educação é exemplo!!! Isto é dito de forma retumbante por 10 entre 10 educadores e me parece não ser novidade para nós classe média, uma vez que nossos avós, isso já o repetiam. Chega a ser até mesmo um conhecimento...digamos, intrínseco.
O que corre é que, freqüentemente, estamos diante do óbvio e não o vemos. Repetir, falar, não é a mesma coisa que fazer, evidentemente.
Então, como cobrar de nossos filhos de que eles sejam dinâmicos, eficientes, corteses, ecologicamente e socialmente conscientes, se nós mesmos não o somos? Como cobrar de que eles tenham desenvoltura para falar em público, se nós mesmos não a temos e - se temos - não a demonstramos a eles? Como cobrar adultos seguros e equilibrados socialmente se nós mesmos não impomos os limites? Como cobrar responsabilidade social se nós mesmos não temos “tempo” para desenvolver nossos projetos imaginários e que nunca se concretizam? Como cobrar de que eles sejam os nossos “atores sociais” do 3º milênio, se não subimos no palco da vida e os ensinamos de verdade?
Gerar é fácil, e é bom...criar...bem, criar não é tão difícil...alimente-os bem, compre roupa da zoomp, sapato da nike, pague a escola, inglês, kumon, balet, natação, clube e você cria seus filhos com tranqüilidade... Mas, educar...ai são outros 500...Educar depende quase que exclusivamente de nós, do nosso esforço pessoal, da sensibilidade, do carinho, do amor incondicional que temos pelos pequenos, inclusive do amor que recebemos dos nossos pais, enfim, do nosso exemplo...e isso, meus queridos, não – é – fácil.
Então, resolvi ir e conferir a “estória” de Pinóquio e observei que a inspiração do criador do conto, Carlo Collodi, 1881, foi ainda mais maravilhosa do que se imagina.
Quantos Gepetos há no mundo? Quantos pais são capazes de vender seu próprio casaco em benefício do futuro do seu filho (na atualidade a maioria vende o seu precioso tempo)? Quantos ainda fazem isso, mas sem esquecer da importância dos limites, da educação e da cultura na vida dos deles? E quantos de nós não fomos, somos ou estamos um pouco Pinóquio?
O prólogo da “estória” é mais ou menos assim (Segundo Sandra Britto – Roteirista e diretora da Peça):
Pinóquio um boneco de madeira, que a princípio nem humano é, mas que aos poucos vai se transformando em um menino de verdade – é a tão almejada maturidade, despertada pelo amor incondicional do seu pai Gepeto – um marceneiro, capaz de vender seu próprio casaco e passar frio, só para dar a oportunidade para o menino de madeira estudar. E, lá se vai Pinóquio com o prazer demasiado de querer ser feliz sem pensar nas conseqüências dos seus atos, sem saber ao certo o que é o Bem ou o Mal, apenas seguindo, caminhando e caindo nas tentações provocadas pela astúcia da Raposa e do Gato. Como proteção, a Fada-Azul, deu-lhe de presente algo precioso, o Grilo-Falante, que não lhe impõe absolutamente nada, apenas lhe aconselha, numa sabedoria aliada a uma afetividade, que conduz, mas o deixa livre para decidi o que fazer. Pinóquio descobre que nem tudo pode ser como queremos, que podemos ser contrariados, que nem sempre a nossa vontade impera, que somos falíveis, possíveis de erros e acertos, somos duais, mas o que importa é a lição que tiramos de cada erro, o que fazemos depois. Pinóquio, o boneco de madeira que não sabia ao certo o que era o amor e sai do egoísmo, do egocentrismo para o altruísmo, sente medo, percebe o quanto errou, descobre o choro, a saudade... descobre, o valor do trabalho e o quanto é amado pelo pai e valoriza o amor, e ao salvar a vida de Gepeto, acaba por salvar a si mesmo: torna-se um menino de verdade, com critério, uma criança cheia, reflexo do sentimento mais nobre do qual foi criado: O amor!
Assim meus queridos amigos é que convido vocês a participarem junto conosco, quer no palco ou fora dele, desta doce aventura. O melhor de tudo isto será, se por qualquer relance, independentemente de sermos atores ou platéia, pudermos presenciar nos olhos de qualquer criança ali presente, a percepção de que, lá no fundo, este pequenino ser está aprendendo ludicamente as lições da vida.
Que este espetáculo seja um abrir de um livro infantil, cheio de olhares brilhantes, repletos de expectativas, um momento de alegria, otimismo, intimidade com nossos filhos, autoconhecimento, sem rabugices e com muita afetividade.
Participe !!!
Um grande abraço.

Paulo Ivan Borges
(Pai do Lucas Gabriel e do Matheus Vinícius)


Dias 24 (17:30 e 19:00) e 25 (17:00) de novembro no Teatro Margarida Schivasappa – No Centur
Ingressos antecipados no Colégio ou no Teatro.

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