segunda-feira, agosto 23, 2010

Baú Velho


Estava eu agora lendo o blog do Marcus, http://papo-solto.blogspot.com/ um post chamado Arte da vida e Arte da Guerra I... em que ele discorre sobre a seletividade da nossa memória... é fato.

Agora enquanto eu ia lendo, uma imagem mental veio a minha mente... um baú...imagino o meu baú daqueles antigos, com madeira escura e forte, grossa e com tiras de couro e um fecho de ferro...imagino desgastado e gosto dele assim, não penso em pintar ou renová-lo, ele realmente é antigo e vai permanecer assim. Agora imagino também que ele seja grande, quase sem fundo e que lá dentro minhas memórias brinquem de roda, "pira se esconde", se extasiem de felicidade, se dobrem na dor, que elas briguem pra virem à tona ou pra se manterem escondidas.

Algum escritor ou escritora já disse que as memórias eram como trapos velhos, e como um trocadilho eu não lembro exatamente agora como e quem foi. Mas essa imagem sempre esteve na minha mente, trapos velhos...

Imagino meu baú cheio de trapos velhos, cada um de uma cor, com uma textura e tamanhos diferentes, mas também tenho peças de tecidos inteiros dobradas, outras que ficam esvoaçando no ar, de várias cores fortes e neutras, tenho trapos que se escondem de vergonha e outros que se exibem tentando emergir...
Além de trapos velhos vivem no meu baú cada boneca que eu tive na infância, um pintinho que sem querer matei com as mãos, os vestidos das festas juninas, a pedra que quebrou a cabeça da Patricia numa travessura com a vizinha, os penteados que a Gagá fazia no meu cabelo e o sabonete que ela usava quando ela mandava eu dar a "perna de bailarina" para ensaboar no banho, os "retratos" todos que tirei e alguns mais coloridos em que colocava a mão na cintura fazendo charminho, o elástico que me fez quebrar a perna...

Meu báu atual me soa como infinito, infinito no que contém, infinito nas trocas que as coisas de dentro fazem, infinito nas confusões e nos esclarecimentos. A sensação que eu tenho é que eles estão mais se divertindo lá dentro do que outra coisa qualquer... Parece que minha memória se encontra numa grande festa, onde crianças brincam até ficarem bem suadas, param... tomam uma água...e voltam a correr e gritar novamente...

3 desavergonhados:

Unknown disse...

Saudade, querida Lu, é um amor que nunca morre!!!!! Beijos no teu coração!

Anônimo disse...

ÉGUA do post!!! A-MEI!
Já quero descrever meu baú também... genial, Lu!

Marisanta disse...

Prima,

Estou encantada com teu Baú, que lindo!! Que forma plástica de tratar as palavras, a linguagem metafórica é algo que aguça minha imaginação e por vezes meu olfato.

Parabéns!!

As palavras são mágicas, elas nos provacam diferentes sentimentos e nos permitem voar até nossos mais longínquos becos, contudo necessário se faz uma mão habilidosa, sensivel como as de uma boa pintora, as tuas.

Continue a nos presentear

Beijocas, Marisanta