Uma mulher não perdoa uma única coisa no homem:
que ele não ame com coragem. Pode ter os maiores defeitos, atrasar-se para os
compromissos, jogar futebol no sábado com os amigos, soltar gargalhada de hiena,
pentear-se com franjinha, ter pêlos nas costas e no pescoço, usar palito de
dente, trocar os talheres de um momento para outro. Qualquer coisa é admitida,
menos que não ame com coragem. Amar com coragem não é viver com coragem. É
bem mais do que estar aí. Amar com coragem não é questão de estilo, de gosto, de
opinião. Não se adquire com a família, surge de uma decisão solitária. Amar com
coragem é caráter. Vem de uma obstinação que supera a lealdade. Vem de uma
incompetência de ser diferente. Amar para valer, para dar torcicolo. Não
encontrar uma desculpa ou um pretexto para se adaptar, para fugir, para não
nadar até o começo do corpo. Não usar atenuantes como “estou confuso”. Não se
diminuir com a insegurança, mas se aumentar com a insegurança. Não se retrair
perante os pais. Não desmarcar um amor pela amizade. Não esquecer de comentar
pelo receio de ser incompreendido. Não esquecer de repetir pela ânsia da
claridade. Amar como se não houvesse tempo de amar. Amar esquisito, de lado,
ainda amar. Amar atrasado, com a respiração antecipando o beijo. Amar com fúria,
com o recalque de não ter sido assim antes. Amar decidido, obcecado, como quem
troca de identidade e parte a um longo exílio. Amar como quem volta de um longo
exílio. (…) Amar com coragem, só isso.
procurando me desconhecer para viver mais...assumindo o que é meu, deixando o que não é, trazendo pra perto o que estava longe e me distanciando do que não deveria estar perto. Lembrando do que vale a pena e esquecendo o que não deve ser lembrado. Varrendo a poeira dos pensamentos inúteis e criando espaço para o que vier. Brincando de escrever e de voltar a pintar e fazer coisinhas. Começando a viver a vida que eu não vivi e que fiquei adiando. A hora chegou!
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